Glossário

Bert Hellinger

Bert Hellinger é um terapeuta internacionalmente conhecido, trabalhando em diversos países. Nascido na Alemanha em 1925 - falecido em 2019, Hellinger formou-se em Filosofia, Teologia e Pedagogia. Como sacerdote católico viveu e trabalhou durante 16 anos como missionário na África do Sul, junto à comunidade dos Zulus. Teve contato com novas formas de relacionamento interpessoais, pois as relações nas tribos locais eram baseadas no profundo e natural respeito recíproco entre os membros da tribo, na função desenvolvida e da autoridade de cada membro. Neste período conheceu e aplicou as dinâmicas de grupo, que depois vieram a estimular suas pesquisas.

Após deixar a ordem religiosa, dedicou-se a uma formação terapêutica diversificada que abrange desde a psicanálise até a terapia familiar, aprofundando-se em múltiplos campos do saber: Terapia Primal, Gestalt Terapia, Análises Transacionais de Eric Berne, Dinâmicas de Grupo, Terapias Familiares, Programação Neurolinguística (PNL) de Richard Bandler e John Grinder, Hipnose Eriksoniana, Psicodrama de Jacobs Levi Moreno, Escultura Familiar de Virginia Satir e a "Terapia do Abraço" de Jirina Prekop.

Bert Hellinger organizou, de maneira ímpar todo conhecimento sistêmico e o tornou disponível para o caminho da cura, do bem-estar e do desenvolvimento humano. A técnica das Constelações Familiares pode ser compreendida por meio dos conhecimentos da Biologia, pesquisados por Maturana, Varela, Rupert Sheldrake, notáveis cientistas contemporâneos.

Sua contribuição mais original é o seu modelo de Constelações Familiares, baseado numa visão integral e profunda da realidade humana. A partir das constelações familiares, ampliou-se seu método de trabalho, com a colaboração de outros profissionais, para outros sistemas e assim nasceram as constelações organizacionais e para a Pedagogia. O conjunto de todos os tipos de constelações advindas do modelo criado por Bert, passou a ser chamado de Constelações Sistêmicas.

No ano de 2011, Bert Hellinger foi indicado ao prêmio Nobel da Paz com a Constelação Familiar. Este é um prêmio de mais alto prestígio em favor da paz.

Bert Hellinger é, sem dúvida, um dos maiores filósofos do século XXI. Suas compreensões transformadoras revelam-nos o caminho da reconciliação quando permitimos que o amor siga dentro da ordem que o precede e o conduz. Por meio deste modelo de resolução de conflitos, o Poder Judiciário entrega a prestação jurisdicional de forma clara e precisa e, juntamente com a sociedade, encontra o essencial em direção à paz. 

Sitêmico

Sinteticamente podemos definir abordagem sistêmica, no contexto em questão, como a visão de que cada indivíduo faz parte de um sistema e não deve ser visto apenas individualmente, desta feita, compreende-se sistema como um grupo de pessoas conectadas entre si por um destino comum e relações recíprocas, onde cada membro do grupo influencia os membros de seu sistema:

Ao vir ao mundo no seio de uma família, não herdamos somente um patrimônio genético, mas sistemas de crença e esquemas de comportamento. Nossa família é o campo de energia no interior do qual evoluímos. Cada um, desde seu nascimento, ocupa aqui um lugar único.

Fenomenológico

No tocante a abordagem fenomenológica, faz-se referência a fenomenologia de Edmund Husserl. Nesse sentido, o "fenômeno" que se mostra durante uma constelação prevalece sobre as tentativas de leitura dos fatos, tendo como base uma lógica pré-estabelecida. A abordagem fenomenológica nas Constelações Familiares abre para percepção de uma ampla gama de fenômenos, que exigem um estado interior livre de julgamentos:

Assim, o olhar se dispõe a receber simultaneamente a diversidade com que se defronta. Quando nos deixamos levar por esse movimento diante de uma paisagem, por exemplo, de uma tarefa ou de um problema, notamos como nosso olhar fica simultaneamente pleno e vazio.

As Leis do Amor

(Três leis naturais, também conhecidas como ordens do amor, que atuam nos relacionamentos humanos)

A primeira lei se refere à pertinência: Todos têm o igual direito de pertencer.

Estabelecida pelo vínculo. Segundo essa lei sistêmica, todos de um sistema familiar pertencem e devem ter um lugar. Quando alguém é excluído do sistema, seja por questões de ordem moral, por segredos familiares ou qualquer outro motivo, outros membros da família - geralmente de gerações subsequentes - se unem por amor a este excluído, repetindo comportamentos ou revivendo seu destino como forma de incluí-lo. Tudo isso acontece na alma familiar, quer os envolvidos tenham consciência das histórias de exclusão ou não.

A segunda lei se refere ao equilíbrio entre dar e receber.

Estabelecida pelo dar e receber. Um exemplo de violação comum dessa lei acontece quando, num relacionamento de casal, um dos parceiros se sente superior ao outro e prefere dar todo o seu amor e, sem perceber, se recusa a receber. Com o tempo o parceiro que recebe muito se sente humilhado e diminuído, vai perdendo o interesse e acaba por buscar outras formas para resgatar a dignidade. Já entre pais e filhos, existe uma ordem natural do dar e receber que vem do mais antigo para o mais jovem, ou seja, os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida, que é algo simplesmente irretribuível, e os filhos a tomam; os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração. Quando essa ordem é invertida muitos problemas aparecem. Assim, numa relação entre pais e filhos, regida primeiramente pela lei da hierarquia, só há equilíbrio entre dar e receber quando os filhos passam adiante o amor e a vida que receberam de seus pais.

A terceira lei diz que há uma hierarquia de tempo: os mais antigos vêm primeiro e na sequencia os mais novos.

Estabelecida pela ordem de chegada. Uma forma muito simples de explicá-la é essa: "quem veio antes, veio antes; quem veio depois, veio depois; e ponto". E como diz o Décio Oliveira, médico e professor dessa filosofia há mais de 16 anos (IDESV) "e o mais importante é o ponto". Um exemplo de violação comum dessa lei acontece quando um filho sai de seu lugar e passa a assumir o lugar de um irmão mais velho, ou até mesmo dos próprios pais. Isso traz sofrimento a este filho e, essa postura de arrogância acaba por trazer fracassos e doenças. Outro exemplo de violação acontece quando um filho exige dos pais algo além do que eles lhe dão, causando amargura e, geralmente, destinos difíceis a este filho.

Campo familiar

Numa constelação, os representantes se movimentam através de sensações físicas geradas pelo campo familiar de quem está constelando uma questão. O constelador, junto com o constelante, observam esse comportamento, e então podem chegar à uma visualização de uma dinâmica que está oculta.

Mas o que seriam esses campos capazes de influenciar nossas vidas?

"As regularidades da natureza não são impostas a ela desde um reino transcendente, mas evoluem dentro do universo. Aquilo que acontece depende daquilo que aconteceu antes. A memória é inerente à natureza. É transmitida por um processo chamado ressonância mórfica, que atua em campos chamados de Campos Mórficos". (Rupert Sheldrake e a Teoria dos Campos Morfogenéticos)

No livro "Uma nova ciência da vida", lançado primeiramente em 1981, Sheldrake descreve sua teoria e afirma que informações podem ser passadas por esse campo. Informações de forma, memória, organização e padrões. Ele diz que "Os campos morfogenéticos podem ser considerados análogos aos campos conhecidos da física no sentido de que são capazes de organizar mudanças físicas, embora não possam ser observados diretamente."

Nesses campos, toda a memória de nossa rede familiar está contida e ela age sobre os fazem parte dela. Dessa forma, acontecimentos de outras épocas podem influenciar nossa vida hoje. Assim como temos nosso próprio inconsciente, nosso sistema familiar possui o campo mórfico, que possui informações que atravessam a vida de todos aqueles que pertencem. A constelação é uma forma de olhar para essas informações, saber o que está agindo e buscar uma solução.

Emaranhamentos

Somos ensinados que nascemos vazios e inocentes, e o que ocorre na nossa vida é de responsabilidade só nossa. Em parte é mesmo. Mas existe um detalhe que até agora não era visto: você sabia que herda dos seus familiares uma tendência de se identificar com emoções e situações vividas no seu passado familiar (que, às vezes, você nem presenciou) e isso o induz a ter emoções, pensamentos e atitudes? Isso se chama "emaranhamento sistêmico", e é trabalhado pela técnica da Constelação familiar sistêmica. No caso dos relacionamentos, essa identificação com emoções do passado faz com que tomemos atitudes que trazem problemas e mais: a identificação com os emaranhamentos sistêmicos atrai pessoas com problemas semelhantes. Logo, a relação irá enfrentar turbulências, sem sombra de dúvidas. Por outro lado, é bom entender que não são os problemas na relação que indicam se ela dará certo: é o quanto estamos dispostos a mudar, assumindo a nossa responsabilidade e deixando a responsabilidade do outro para ele que torna uma relação estável, forte e prazerosa. Para isso é importante se conhecer perceber as próprias emoções ser sincero com elas e mostrar isso ao outro. Emaranhamentos sistêmicos para serem "desemaranhados" necessitam em primeiro lugar serem vistos.

Outros conceitos importantes:

Sentimento primário: genuíno e contextualizado, passa rápido (choro de olhos abertos, conectado com a realidade)

Sentimento secundário: substituto da dor original, atualização do que ocorreu, pode durar eternamente, impede a ação (choro de olhos fechados, imagem interna, desconectado da realidade atual)

Sentimento adotado: movimento de identificação, por traz tem um amor cego, impede que eu veja o outro com quem estou identificado (quando coloco na minha frente posso vê-lo e descolar dele, aceita-lo como é, desidentificação)

Meta sentimento: neutro, sem intenção, sem julgamento (centro vazio, postura fenomenológica)

As Consciências segundo as Constelações Familiares Sistêmicas:

Consciência arcaica:

Dita consciência coletiva, que também poderia ser chamada consciência de grupo ou consciência familiar. Teve seu início dentro do grupo arcaico ou horda, da era do surgimento do homem, onde os grupos necessitavam ser coesos para assegurar a sobrevivência. Ela não tolera exclusões. Essa consciência sistêmica atua na alma até hoje de forma inconsciente.

"Essa consciência coletiva cuida para que a coletividade, portanto, o sistema que dirige fique intacto e que ninguém seja excluído, ninguém seja expulso e que ninguém fique esquecido. Se isso acontecer, essa consciência coletiva escolhe então um outro membro dessa família, para que substitua esse membro excluído. Aqui atua uma compulsão coletiva de repetição, com a qual se tenta restaurar a perfeição, mesmo que na prática não tenha êxito dessa maneira. Aqui há, portanto, uma tentativa de compensação em andamento, para que ninguém dos que pertencem seja perdido." Bert Hellinger

Consciência pessoal:

Abaixo desta consciência arcaica está a consciência pessoal. Seu objetivo principal é nos dotar de uma ferramenta que "nos avisa" quando nosso pertencimento está em risco. Reconhecemos este aviso da consciência através do sentimento de culpa e de inocência. Quando vamos a favor daquilo que é estabelecido pela consciência familiar (muitas vezes repetindo algo difícil), sentimos em nosso interior o sentimento de inocência.

Porém, se caminhamos em direção contrária ao que faz parte da consciência familiar, somos acometidos por um sentimento de culpa, que muitas vezes tem o poder de nos persuadir a abandonar o comportamento que gera este sentimento, mesmo quando é algo que nós como indivíduos desejamos.

"O sentimento de culpa que serve a essa função da consciência é vivenciado por nós como medo de perder a pertinência. É o sentimento de culpa que mais fortemente experimentamos, aliás, talvez até o sentimento mais forte. Ele nos obriga a mudar o nosso comportamento, para podermos assegurar ou recuperar a nossa pertinência. Nesse

contexto, a inocência é experimentada como o direito de podermos pertencer. Essa inocência é, talvez, o mais profundo sentimento de felicidade e é o fundamento dos piores emaranhamentos, porque devido à necessidade de pertinência, fazemos tudo, também aquilo que nos prejudica, para que possamos manter este sentimento." Bert Hellinger

Consciência de solução:

Também denominada de "grande alma", força conhecedora que une e conduz, protege e guia sabiamente. Isto é, a alma sabe mais do que nosso eu. Vê o futuro que nos aguarda, assume a direção em momentos decisivos e, desta maneira, manifesta-se superior e anteposta a nossa planificação, determinada sempre por desejos e reflexões.

Como se mostra a alma? Para perceber seu movimento devemos aprender a diferenciá-lo dos impulsos da nossa consciência, como dos da consciência arcaica. O que sentimos, como daqueles da consciência coletiva inconsciente, que somente os diferenciamos pelos seus efeitos.

¨Em nossos relacionamentos atuam, portanto, ordens que se manifestam nas consciências ou em seus efeitos. Quem conhece tais efeitos pode superar, pela compreensão, os limites das consciências. Onde as consciências cegam, a compreensão sabe; onde as consciências prendem, a compreensão libera; onde as consciências incitam, a compreensão inibe; onde as consciências paralisam, a compreensão age; e onde as consciências separam, a compreensão ama.¨ Bert Hellinger

Bibliografia Sugerida

Editora Atman

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A prática das Constelações Familiares

Alexia Machado Baeta - Doctoralia.com.br